Explicando a Ressurreição de Jesus: o recente reavivamento da Teoria da Alucinação
Por Gary Habermas
Traduzido e adaptado por Leandro Teixeira
Por Gary Habermas
Traduzido e adaptado por Leandro Teixeira
Após mais de um século de virtual dormência, um número de hipóteses naturalistas alternativas em relação à ressurreição de Jesus têm aparecido em recentes publicações. Similar à situação ao fim do século XIX, alucinação e abordagens relacionadas são novamente as mais populares entre os críticos. Vamos examinar várias destas recentes formulações. Então, nós ofereceremos numerosas críticas, do assunto como um todo, bem como um par de assuntos abrangidos. Nós argumentaremos que estas alternativas argumentativas falham em explicar a historicidade das aparições da ressurreição de Jesus por uma multidão de razões, até mesmo quando julgadas por padrões criticamente aceitos.
Táticas naturalistas para explicar a ressurreição de Jesus têm presumidamente existido desde o tempo em que este evento se deu. Várias destas abordagens alternativas aparecem nos próprios evangelhos. Parece que os críticos, sabendo que na ressurreição reside o coração do Cristianismo, têm o escolhido especialmente para a discussão.
Nossa abordagem iniciará provendo algumas perspectivas históricas sobre o assunto, fazendo alguns comentários sintéticos com respeito ao apogeu das teorias naturalistas na teologia do século XIX. Foi em situação similar que, 100 anos atrás, a hipótese da alucinação foi também a mais popular posição crítica até que ela foi suplantada pelos estudiosos. Então, baseado na minha recente avaliação de mais de 500 publicações sobre o assunto da ressurreição de Jesus publicadas entre 1975 e hoje, nós documentaremos o crescimento da popularidade destas hipóteses atualmente, dirigidas pelos estudiosos durante as últimas duas décadas. Finalmente, nós apresentaremos uma multifacetada crítica destas posições, usando somente aqueles dados que podem ser apurados pelos meios críticos, assim sendo aceitas pela vasta maioria dos estudiosos[1].
Um retrospecto: abordagens naturalistas desde o século XIX
Publicações do fim dos séculos XVIII e XIX provêem os mais numerosos exemplos de teorias naturalistas acerca da Ressurreição de Jesus. No seu clássico volume documentando estudos do Jesus histórico durante este tempo, Alberto Schweitzer registra muitas destas abordagens. Por exemplo, uma tentativa antiga por Hermann Reimarus acusou que os discípulos de Jesus roubaram o seu corpo
[2]. Friedrich Schleiermacher aprovou a Teoria do Desmaio, tomando a visão de que Jesus nunca morreu na cruz[3].
David Strauss popularizou a Teoria da Alucinação[4],
e outros, tais como Ernest Renan, o seguiram[5]. Otto Pfleiderer e outros pensam que lendas podem explicar a maioria dos dados[6].
Um incrível enredo secundário é que muitos dos estudiosos liberais proveram refutações das hipóteses competitivas. Schleiermacher e Heinrich Paulus atacam várias teorias da visão[7]. Strauss é costumeiramente lembrado por ter quebrado a Tese do Desmaio com sua criteriosa análise[8], desde então poucos estudiosos apoiaram-na após sua crítica[9]. Mesmo que preferisse a tese da lenda, Pfleiderer até admitiu que ela não poderia explicar completamente os dados da Ressurreição de Jesus[10]!
Durante a maior parte do século XX, contudo, havia, comparativamente, pouco interesse nas teorias naturalistas contra a ressurreição de Jesus. Aqueles que rejeitavam a historicidade deste evento raramente fazem referências às formulações alternativas. Após mencionar uma extensa lista de teorias críticas, Raymond Brown indicou umas poucas décadas atrás: “o criticismo de hoje não segue os caminhos tomados pelo criticismo passado. Não são mais respeitáveis as teorias cruas… populares no século passado… estudiosos sérios prestam pouca atenção para estas reconstruções ficcionais” [11].
Esta calmaria em parte dos estudiosos críticos veio por mais de uma razão. Não é coincidência que o interesse em muitas matérias acerca do Jesus histórico fraquejaram neste mesmo período. Mas perto do topo da lista deveria estar o fracasso das hipóteses naturalistas para explicar os dados conhecidos. Em outras palavras, a razão principal para rejeitar estas teses alternativas é que cada uma delas é refutada pelos fatos. Após averiguar algumas destas teorias, James D. G. Dunn conclui: “interpretações alternativas dos dados falham em prover uma explicação mais satisfatória” [12]. O filósofo Stephen Davis concorda com a crítica:
“… são incapazes de arranjar uma história coerente e plausível que explique as evidências à mão. Todas as hipóteses alternativas com as quais eu estou familiarizado são historicamente fracas; algumas são tão fracas que desmoronam com seu próprio peso uma vez ditas… as teorias alternativas que tem sido propostas não são somente fracas, mas são muitíssimo fracas ao explicar as evidências históricas disponíveis…” [13]
Apesar destes desenvolvimentos, parece nos presentes dias ser uma limitada tendência rumo ao retorno a algumas formas destas teses envolvendo os cristãos mais antigos tendo alucinações ou outras experiências subjetivas.
O recente retorno da Hipótese da Alucinação
Em minha recente avaliação de centenas de publicações críticas acerca da ressurreição, tornou-se aparente que muitos estudiosos estão apoiando várias hipóteses naturalistas que foram os argumentos principais em recentes décadas. Este fenômeno não é devido a qualquer mudança na paisagem histórica. Antes, é como os antigos dizem - o que vai sempre volta – como se alguns estudiosos simplesmente pensassem que este é um tempo para mudança.
Desses que agora preferem explicações alucinógenas, contudo, somente uns poucos têm prosseguido nesta abordagem em detalhes. Nós examinaremos algumas destas tentativas, enquanto vários outros estudiosos simplesmente mencionam a possibilidade da, ou preferência pela, tese da alucinação[14].
Desses que agora preferem explicações alucinógenas, contudo, somente uns poucos têm prosseguido nesta abordagem em detalhes. Nós examinaremos algumas destas tentativas, enquanto vários outros estudiosos simplesmente mencionam a possibilidade da, ou preferência pela, tese da alucinação[14].
Gerd Ludemann esteve, em publicações recentes, resenhando um argumento que é totalmente similar às tentativas do século XIX, assegurando que a explicação pode ser aplicada a todos os principais participantes da igreja antiga; os discípulos, Paulo, os 500, e Tiago, irmão de Jesus[15]. Ludemann sustenta que é claro na linguagem de Paulo que o termo ophthe em 1 Coríntios 15.3ss significa que ele estava falando da visão verdadeira, “de sua própria percepção sensorial…” tanto quanto as dos outros apóstolos. Então Paulo “deve ter esperado que os Coríntios entendessem o termo historicamente” [16]. Ludemann conclui que visões alucinógenas são necessárias, juntamente com “características de público ouvinte” que produzem um “estímulo”, “entusiasmo”, “intoxicação religiosa” e “êxtase” para Pedro. Esta se propagou para os outros discípulos por “uma incomparável reação em cadeia”. Paulo, os outros apóstolos, os 500, e Tiago todos experimentaram similarmente estas visões subjetivas. As aparições foram coletivas, atingindo um “êxtase em massa” [17].
Apesar de sua abordagem ser totalmente diferente em alguns pontos, Jack Kent também pensa que alucinações explicam as afirmações dos discípulos, Paulo e Tiago[18]. Kent combina duas teorias naturalistas para explicar a aparente ressurreição de Jesus. Os discípulos e as mulheres experimentaram “alucinações normais relacionadas à tristeza”. Paulo, de outra forma, experimentou conflito e turbulência íntimos pela participação na morte de Estevão e pela sua perseguição de cristãos. Como resultado, ele foi submetido a uma “desordem de conversão”, uma reconhecida enfermidade psíquica que é relatada na sua conversão no caminho para Damasco, incluindo queda e cegueira, em particular[19]. Diferentemente de Ludemann, Kent desejou evitar alucinações coletivas[20].
Concordando com Kent, Michael Goulder aplica uma explicação relacionada às experiências de Paulo, Pedro, e alguns dos outros[21]. Goulder pensa que Pedro e Paulo experimentaram o que ele chama de “visões de conversão”, alucinações de vários tipos que são produzidas em tempos de grande stress, culpa e insegurança. O resultado para estes apóstolos, um dos quais havia negado seu Senhor e outro que tinha perseguido cristãos, era uma nova orientação para a vida – uma transformação que direcionava a “subseqüente heroísmo e martírio” [22].
Outra abordagem que eu tenho apelidado de Teoria de Iluminação deveria, talvez, ser mencionada brevemente. Vários estudiosos recentes preferem uma estratégia que, enquanto se parece com a tese da alucinação, não é completamente igual. Em geral, a idéia é que Pedro foi o primeiro que teve algum tipo de experiência subjetiva ou crença que Jesus estava vivo. Isto foi mais tarde comunicado de alguma forma para os outros seguidores de Jesus, que concluíram que Jesus havia ressuscitado. Eles sustentaram que nós não podíamos agora falar sobre a natureza histórica deste incidente. É a fé destes crentes antigos que é de maior importância aqui, não a natureza das experiências[23]. É freqüentemente observado que estas experiências não foram alucinações[24], mas muitos dos nossos críticos ainda aplicam esta tese.
Uma crítica da Hipótese da Alucinação
Enquanto a recente onda de teses da alucinação revela algumas diferenças, há muitas similaridades. Nós precisamos pesar a hipótese como um todo. Mas nós iniciaremos avaliando dois lados importantes do assunto: a possibilidade de alucinações em grupo e a tese de desordem de conversão proposta por Kent e Goulder.
Alucinações coletivas
Um dos tópicos principais nesta discussão concerne se um grupo de pessoas pode ser testemunha da mesma alucinação. A maioria dos psicólogos discute a realidade de tais ocorrências, como colocadas abaixo. Uma rara tentativa sugestionando que alucinações coletivas são possíveis, sem nenhuma aplicação à ressurreição de Jesus, é feita por Leonardo Zusne e Warren Jones. Eles afirmaram para fenômeno tal como afirmadas aparições da virgem Maria e outros relatos participantes do grupo de pessoas. Em casos como estes, “expectativa” e “excitação emocional” são “pré-requisitos para alucinações coletivas”. Em tais grupos, nós vemos o “contágio emocional que tão freqüentemente toma lugar em multidões tomadas por emoções fortes…” [25]
Mas apoiar as alucinações coletivas é altamente problemático, e em várias áreas.
(1) Para começar, os exemplos principais de “alucinações coletivas” providas por Zusne e Jones foram experiências de grupos religiosos, tais como as aparições marianas. Mas estas citações simplesmente cometem a falácia da petição de princípio em relação se tais experiências podiam possivelmente ser objetivas, ou até mesmo sobrenaturais, pelo menos em algum sentido. Em outras palavras, porque deveria uma explicação naturalista e subjetiva ser aceita?[26] Isto parece excluí-las de uma maneira a priori, antes dos dados serem considerados.
(2) Além disto, a tese da alucinação coletiva é infalsificável. Ela poderia ser aplicada a visões grupais puramente naturais, simplesmente chamando-as de alucinações grupais também. Nesta tese, o critério epistêmico crucial parece estar faltando. Como nós determinamos ocorrências normais dentro de alucinações grupais?
(3) Mesmo se pudéssemos estabelecer que grupos de pessoas testemunharam alucinações, é crítico notar que não decorre que todas estas experiências são, conseqüentemente, coletivas. Se, como a maior parte dos psicólogos afirma, alucinações são privadas, são eventos individuais, então como grupos poderiam compartilhar a mesma percepção visual subjetiva? Antes, é muito mais provável que o fenômeno em questão são também ilusões – erros de interpretação na percepção da verdadeira realidade[27] – ou alucinações individuais.
Além do mais, a maior sucessão de problemas resulta da comparação desta tese com os relatos das aparições de Jesus após a ressurreição. E aqui, o poder de explicação desta hipótese é severamente desafiada, uma vez que a maior parte dos dados não somente diferem, mas realmente contradizem as condições necessárias para as “alucinações coletivas”. Um destes itens será mencionado aqui, com os outros seguindo abaixo.
(4) Por exemplo, Zusne e Jones argumentam que “expectativa” e “excitação emocional” são pré-requisitos para que tais ocorrências grupais aconteçam. De fato, a expectativa “coordena este papel” [28].
Mas este cenário contradiz o estado emocional das antigas testemunhas da ressurreição de Jesus. Até mesmo psicologicamente, os crentes antigos foram confrontados face-a-face com o completo realismo da recente e inesperada morte do seu melhor amigo, de quem eles tinham esperança de resgatar Israel. Como aqueles recentes eventos desdobraram-se em uma tempestade de castigos físicos em Jesus, crucificação e aparente abandono, a resposta normal seria medo, desilusão e depressão. Supor que estes crentes exibiriam “expectativa” e “excitação emocional” em face destas rigorosas circunstâncias requereria deles respostas que seriam incomuns em um funeral! Todas as indicações são que os discípulos de Jesus exibiram emoções muito opostas do que Zusne e Jones propagaram como requerimentos necessários.
Por comparação, a experiência dos discípulos é totalmente diferente daquelas em outros casos onde peregrinos viajaram expressamente longas distâncias, multidões exuberantes com o explícito desejo de ver algo especial. Aí parece ser terreno escasso de comparação com os discípulos de Jesus[29].
Por comparação, a experiência dos discípulos é totalmente diferente daquelas em outros casos onde peregrinos viajaram expressamente longas distâncias, multidões exuberantes com o explícito desejo de ver algo especial. Aí parece ser terreno escasso de comparação com os discípulos de Jesus[29].
Muitos outros problemas cruciais podem “contaminar” a tese da alucinação em grupo, e nós prosseguiremos em várias delas mais abaixo. Mas, por enquanto, nós repetiremos que Zusne e Jones nunca tentaram aplicar sua abordagem à ressurreição de Jesus. Antes, eles preferiram nivelar incrivelmente suas investigações com a admissão de que alucinações em grupo têm um “status incerto” porque não é possível apurar se estes indivíduos tiveram realmente alucinações![30]
Desordem de conversão
Kent sugeriu que Paulo experimentou uma desordem de conversão, uma condição psicológica caracterizada por sintomas físicos tais como cegueira e paralisia na ausência de causas médicas ou psicológicas específicas. Tais foram adquiridas por turbulência interna, conflito, dúvida e culpa. Goulder concorda sobre Paulo, mas adiciona que Pedro e outros, talvez Tiago, também sofreram do mesmo problema.
Mas, novamente, nós devemos alinhar nossas hipóteses com os fatos, e múltiplos problemas opõem-se a esta interpretação, da mesma forma.
(1) Inicialmente, somente Paulo é conhecido como tendo manifestado estes sintomas, então a inclusão de Goulder dos outros não tem fundamento.
(2) Simplesmente, um gigantesco problema é que, do que nós sabemos sobre Paulo, e Tiago em particular, não havia nenhum fundamento mitigante para supor tal desordem. Nós não temos nenhuma indicação que houve o mais insignificante conflito interno, dúvida ou culpa relativa à prévia rejeição deles aos ensinamentos de Jesus. Críticos concordam que Tiago era descrente durante o ministério terreno de Jesus (Jo 7.5; cf. Mc 3.21). O ceticismo de Paulo é ainda melhor conhecido, uma vez que ele perseguia os cristãos antigos (1 Co 15.9; Gl 1.13,23). Mas nós não sabemos de qualquer culpa da parte de Paulo, por ele considerar suas ações zelosas e irrepreensíveis (Fp 3.4-6). Resumindo, não há nenhuma indicação de qualquer desejo de conversão por nenhum destes homens. Supor outra coisa é um despropósito sem fundamentos. Em resumo, estes homens são pobres candidatos para esta desordem.
(3) Além disto, o perfil psicológico fortemente opõe uma aplicação para qualquer destes três apóstolos. Desordem da conversão mais freqüentemente ocorre com mulheres (cerca de 5 vezes mais freqüente), adolescentes e jovens, pessoas menos instruídas, aquelas com QI baixo, status socioeconômico baixo, ou combatentes[31]. Não há uma única característica que possa ser aplicada a Pedro, Paulo ou Tiago.
(4-5) Além disto, sustentar que vítimas da desordem de conversão são fortes candidatas a ter alucinações visuais e auditivas é aumentar o caso um pouquinho. Estas são características incomuns[32]. Não somente são estes apóstolos pobres candidatos para a desordem em primeiro lugar, mas estão bem longe desta doença, eles foram adicionalmente não predispostos a experimentar alucinações. E aqui nós temos duas críticas separadas, devido aos conjuntos de circunstâncias muito diferentes. Não há indicação de que ambos, Tiago e Paulo, em particular, ansiaram ver Jesus. Sua descrença é uma base pobre para produzir alucinações! Tiago, o cético, e Paulo, o perseguidor, são excepcionalmente obstinados obstáculos para a tese da alucinação! Mais uma vez, dizer outra coisa é mera conjectura à parte dos dados históricos.
(6) Nenhuma destas hipóteses explica o que seria de outra forma considerado um delírio de grandeza– neste caso da crença dos apóstolos que Deus teria comunicado a eles uma mensagem para o mundo inteiro que os outros devem aceitar. Mas é improvável que haja outras desilusões envolvidas aqui, até mesmo ocorrendo precisamente no mesmo tempo, então o caso é mais enfraquecido.
Resumindo, afirmar que estes apóstolos foram vítimas de desordem de conversão simplesmente não condiz com os fatos. É claramente uma super-confiança na hipótese a despeito dos dados, uma teoria não ancorada na realidade. Fazer todos os fatores necessários convergir simultaneamente é altamente improvável. E, como a acusação de alucinação em massa, ela também é prejudicada por outras dificuldades.
Problemas adicionais
Muitos outros tópicos sobraram acerca da hipótese da alucinação.
(1) Até mesmo alucinações individuais são questionáveis por quaisquer crentes que experimentaram desespero na inesperada morte de Jesus apenas horas antes. Suas esperanças e sonhos foram subitamente destruídos. Extrema aflição, e não exuberância, seria a resposta normal.
(2) A ampla variedade de tempos e lugares onde Jesus apareceu, juntamente com as diferentes vivências das testemunhas, é simplesmente um imenso obstáculo. Homens e mulheres, durões e emotivos igualmente, todos creram que eles viram Jesus, dentro e fora de lugares, por si mesmo providenciaria uma insuperável barreira para as alucinações. As desigualdades para que cada pessoa represente meticulosamente o adequado quadro mental para experimentar uma alucinação, até mesmo individualmente, decai exponencialmente[33].
(3) Geralmente, alucinações não transformam vidas. Estudos tem mostrado que mesmo aqueles que tem alucinações freqüentes (ou talvez costumeiramente) não admitem as experiências quando outras pessoas presentes não vêem a mesma coisa[34]. Críticos reconhecem que os discípulos de Jesus foram transformados mesmo ao ponto de estarem totalmente dispostos a morrerem pelas sua fés. Nenhum texto antigo reporta que qualquer um deles se retratou. Acreditar que esta qualidade de convicção surgiu através de falsas percepções sensoriais sem ninguém rejeitá-la mais tarde é altamente problemática.
(4) Naturalmente, se as aparições foram alucinações, então o corpo de Jesus deveria estar localizado seguro na sepultura fora da cidade de Jerusalém! O corpo indubitavelmente seria um enorme empecilho para as tentativas dos discípulos pregarem que Jesus tinha ressuscitado! Mas alucinações não se encaixam aqui, então outra tese naturalista é necessária.
Ainda outros itens impedem a hipótese da alucinação. Embora estes não sejam talvez tão fortes, eles ainda contam:
Ainda outros itens impedem a hipótese da alucinação. Embora estes não sejam talvez tão fortes, eles ainda contam:
(5) Porque as alucinações pararam após 40 dias? Porque elas não continuaram atingindo outros crentes, como os outros tinham sido?
(6) A ressurreição foi o ensino central dos discípulos, e nós costumeiramente tomamos cuidado extra com o que está mais próximo dos nossos corações. Isto é o que dirigiu Paulo a checar a natureza dos dados do evangelho com outros discípulos chave em pelo menos duas ocasiões, para ter certeza que ele estava pregando a verdade (Gl 1.18-19; 2.1-10). Ele achou que eles estavam também falando das aparições de Jesus para eles (1 Co 15.11).
(7) O que falar sobre a tendência natural do homem em tocar? Ninguém iria mesmo descobrir, nem mesmo uma única vez, que seu melhor amigo, parecia estar ali de pé a uns passos, mas não estava realmente lá?
(8) A ressurreição de um indivíduo contradiz a teologia geral judaica, a qual sustenta um evento corporativo ao final dos tempos. Então a ressurreição de Jesus não se ajustou às expectativas normais dos judeus.
(9) Por último, alucinações do tipo prolongado requeridas por esta teoria naturalista são absolutamente raros fenômenos, sobretudo ocorrendo em certas circunstâncias que militam contra os discípulos de Jesus serem os recipientes[35].
Conclusão
Alucinações são ocorrências individuais. Por sua própria natureza somente uma pessoa pode ver uma dada alucinação por vez. Elas certamente não são algo que podem ser vistas por um grupo de pessoas… Uma vez que alucinações existem somente num sentido pessoal e subjetivo, é óbvio que outras pessoas não podem testemunhá-las[36].
De fato, os problemas com esta tese são tão sérios que estes críticos “teriam de ir contra a maioria dos dados psicológicos e psiquiátricos mais recentes sobre a natureza das alucinações” [37]. Isto parece colocar estas abordagens em desacordo com o conhecimento científico atual sobre o assunto. Nós concluímos que aplicar a tese da alucinação e assuntos correlatos às aparições da ressurreição de Jesus está seriamente errado, através de várias disciplinas, em muitos pontos.
Notas finais
[1] Isto é o que eu chamo de Método dos Fatos Mínimos, o qual argumenta dirigidamente dos dados que tem a dupla característica de ser individual e multiplicadamente atestada em forte terreno evidencial, por esta razão é aceita por quase todos os estudiosos que pesquisaram este assunto. Para um esboço deste método, veja Gary Habermas, “Evidential Apologetics”, em Five Views on Apologetics, Steven Cowan, Ed. (Grand Rapids: Zondervan, 2000), 99-120, 186-190.
[2] Albert Schweitzer, The Quest of the Historical Jesus: A Critical Study of Its Progress from Reimarus to Wrede, W. Montgomery, trans. (New York: Macmillan, 1906, 1968), 21-22; outros exemplos são encontrados nas páginas 21-22, 43, 47, 53-55, 60, 83, 162-167, 170, 187, 210-214.
[3] Schweitzer, p. 64; cf. Friedrich Schleiermacher, The Christian Faith, H.R. Mackintosh and J. S. Stewart, trans. (New York: Harper and Row, 1963), 417-421.
[4] David Strauss, A New Life of Jesus, no trans., Segunda Edição, Dois vols. (Edinburgh: Williams and Norgate, 1879), vol. I, 412-440.
[5] Ernest Renan, Vie de Jesus (Paris: Calmann-Levy, 1861), 355-356.
[6] Otto Pfleiderer, Early Christian Conception of Christ: Its Significance and Value in the
History of Religion (London: Williams and Norgate, 1905), Chapter IV.
[7] Schleiermacher, 420; Schweitzer, 53-55.
[8] Strauss, 408-412.
[9] Schweitzer não registra nenhum proponente convencido da teoria do desmaio após 1838, três anos após a publicação inicial da crítica de Strauss.
[10] Pfleiderer, 157-158.
[11] Raymond Brown, “The Resurrection and Biblical Criticism,” Commonweal, Vol. 87; No. 8 (Nov. 24, 1967), 233.
[12] James Dunn, The Evidence for Jesus (Louisville: Westminster, 1985), 76.
[13] Stephen Davis, “Is Belief in the Resurrection Rational?: A Response to Michael Martin,” Philo, Vol. 2; No. 1 (Spring-Summer, 1999), 57-58.
[14] Alguns destes são Dan Cohn-Sherbok, “The Resurrection of Jesus: A Jewish View” in Resurrection Reconsidered, Gavin D’Costa, ed. (Oxford: Oneworld, 1996), 197; John Barclay, “The Resurrection in Contemporary New Testament Scholarship,” in D’Costa, 25-26; Michael Grant, Saint Paul: The Man (Glasgow: William Collins Sons, 1976), 108; M. Lloyd Davies and T.A. Lloyd Davies, “Resurrection or Resuscitation?” Journal of the Royal College of Physicians of London, Vol. 25; No. 2 (April 1991), 168; Antony Flew, in Gary R. Habermas and Antony Flew, Did Jesus Rise from the Dead? The Resurrection Debate, Terry Miethe, ed. (San Francisco: Harper and Row, 1987), 50-59; John Hick, The Center of Christianity (San Francisco: Harper and Row, 1978), 25. Apesar de Peter Carnley pensar que a Ressurreição de Jesus realmente aconteceu, ele pontua que a suposição da visão subjetiva é muito difícil de negar (The Structure of Resurrection Belief [Oxford: Clarendon, 1987], 64, 244-245; cf. 69-72, 79, 82).
[15] Os trabalhos mais bem conhecidos de Gerd Ludemann são: The Resurrection of Jesus: History, Experience, Theology, John Bowden, trans. (Minneapolis: Fortress, 1994); uma rendição mais popular foi escrita em colaboração com Alf Ozen, What Really Happened to Jesus: A Historical Approach to the Resurrection, John Bowden, trans. (Louisville: Westminster John Knox, 1995).
[16] Ludemann, The Resurrection of Jesus, 50, 37; cf. What Really Happened to Jesus, 103.
[17] Ludemann, The Resurrection of Jesus, 106-107, 174-175.
[18] Jack Kent, The Psychological Origins of the Resurrection Myth (London: Open Gate, 1999).
[19] Kent, 6-11, 49-61, 85-90.
[20] Ibid., 89-90.
[21] Michael Goulder, “The Baseless Fabric of a Vision,” 48-61; uma versão resumida foi publicada como parte de uma debate com James Dunn em Resurrection, G. N. Stanton and S. Barton, eds. (London: SPCK, 1994), 58-68.
[22] Goulder, “The Baseless Fabric of a Vision,” 48-52. Casualmente, Goulder argumentou que os discípulos, especialmente considerando as aparições em grupo, experimentaram “desilusões coletivas”. Estas são significantemente diferentes das alucinações subjetivas a que eles se referiam aos equívocos com objetos físicos e reais (52-55).
[23] Visões similares são dadas por: Willi Marxsen, Jesus and Easter: Did God Raise the Historical Jesus from the Dead? (Nashville: Abingdon, 1990), 65-74; Willi Marxsen, The Resurrection of Jesus of Nazareth, Margaret Kohl, trans. (Philadelphia: Fortress, 1968), esp. Chapters III-IV; Don Cupitt, Christ and the Hiddenness of God (Philadelphia: Westminster, 1971), 143, 165-167; Thomas Sheehan, The First Coming: How the Kingdom of God became Christianity (New York: Random House, 1986), 95-118; John Shelby Spong, Resurrection: Myth or Reality? (San Francisco: Harper San Francisco, 1994), 255-260; John Shelby Spong, The Easter Moment (San Francisco: Harper and Row, 1987), esp. 39-68.
[24] Spong, The Easter Moment, 196; Sheehan, 262-263, nota final 38; cf. Marxsen, Jesus and Easter, 71-74.
[25] Leonard Zusne and Warren Jones, Anomalistic Psychology: A Study of Extraordinary Phenomena of Behavior and Experience (Hillsdale: Lawrence Erlbaum, 1982), 135–136.
[26] Para um número de observações críticas e respostas a tais fenômenos, veja Elliot Miller e Kenneth Samples, The Cult of the Virgin Mary: Catholic Mariology and the Apparitions of Mary (Grand Rapids: Baker, 1992), esp. Capítulos 11-14 e Apêndice A.
[27] Aqui Zusne e Jones repetidamente se referem às alucinações coletivas, ainda que eles concluam de modo oposto, que estes grupos podem ter visto um fenômeno real. Então, a “resposta final para estas questões não foi obtida ainda” (135-136)!
[28] Ibid., 135.
[29] A réplica poderia ser feita no sentido que, talvez, alguns indivíduos sofreram alucinações individualmente, portanto induzindo excitação em outros, preparando-os para as alucinações. Da nossa crítica abaixo, uma resposta multifacetada pode ser elaborada. Eu sugeriria especialmente as críticas 4 e 5 na próxima seção em relação aos casos de Paulo e Tiago, os quais seriam altamente problemáticos para esta visão por causa do ceticismo inicial em conversão posterior destes apóstolos, acrescentando (com suas variações) as críticas de 2 a 8 na seção “Problemas adicionais”.
[30] Ibid., 136; cf. 134–135. Para explicações mais exatas contra as alucinações em grupo, veja Phillip Wiebe, Visions of Jesus: Direct Encounters from the New Testament to Today (New York: Oxford, 1997), 210; J.P. Brady, “The Veridicality of Hypnotic, Visual Hallucinations,” in Origins and Mechanisms of Hallucinations, Wolfram Keup, ed. (New York: Plenum, 1970), 181; Weston La Barre, “Anthropological Perspectives on Hallucinations and Hallucinogens,” in R. K. Siegel and L. J. West, eds., Hallucinations: Behavior, Experience and Theory (New York: John Wiley and Sons, 1975), 9–10.
[31] Harold Kaplan, Benjamin Sadock, e Jack Grebb, Synopsis of Psychiatry, Seventh ed. (Baltimore: Williams and Wilkins, 1994), 621.
[32] Cf. Ibid., 621-622. Eu também agradeço à clínica psicológica Gary Sibcy, Ph.D., pelas últimas duas respostas.
[33] S. J. Segal, “Imagery and Reality: Can they be Distinguished?” in Keup, 103-113. Mesmo se as pessoas ficassem alucinadas em grupos, Zusne e Jones também notam que nem todos teriam estas experiências (135).
[34] Segal, 103; unpublished study of hallucinations by Shea Lambert, “Hallucinations and the Post Death Appearances of Jesus,” 20 September, 2000, 2-5, 8-9.
[35] Para mais detalhes, veja Wiebe, 199-200, 207-211. Repetindo nosso ponto inicial, muitas das objeções através desta seção pode ser aplicada também ao que eu tenho chamado de Teoria da Iluminação.
[36] Gary Collins, em conversa pessoal, 21 de Fevereiro de 1977.
[37] Ibid.
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